Estação de Tratamento de Água atende 16 cidades e produz metade da água da capital
A Estação de Tratamento de Água Rio Descoberto (ETA RD) completa 35 anos no dia 7 de fevereiro. Com uma vazão média, em 2020, de 4.000 litros/segundo, ela atende 16 regiões do Distrito Federal e é a principal unidade de tratamento de água da Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb). A ETA é responsável por 50% da água produzida na capital, o que corresponde ao atendimento de quase 60% da população do DF.
A operação da ETA Rio Descoberto foi iniciada em fevereiro de 1986. À época, tinha capacidade de tratamento de 3.000 l/s com tecnologia de filtração direta. Com o passar do tempo, a capacidade foi aumentando e os processos ficaram mais modernos. Os diversos investimentos e melhorias permitiram a redução das perdas de água de 5% a quase zero.
Atualmente, a ETA RD atende as cidades de Ceilândia, Taguatinga, Vicente Pires, Águas Claras, Samambaia, Riacho Fundo I e II, Recanto das Emas, Gama, Santa Maria, Núcleo Bandeirante, Park Way, Candangolândia, Sol Nascente, Pôr do Sol e Arniqueiras.
Segundo o gerente dos Sistemas Produtores de Água Descoberto e Brazlândia, Wellington Ribeiro de Freitas, a partir de 2010, a Companhia intensificou os investimentos na automação das unidades operacionais, incluindo a ETA RD. “Com isso, houve o desenvolvimento de um novo sistema de supervisão e infraestrutura composta por rede de transmissão, equipamentos, instrumentação de processo e nova sala de operação, propiciando, assim, melhoria das condições operacionais da unidade e da estabilidade do processo”, esclarece o gerente.
Por ser grande e por sua arquitetura permitir a visualização da água que chega à estação, a ETA RD recebe um elevado número de visitantes todos os anos. Técnicos de diversos países e outras companhias de saneamento vão à unidade para entender o sistema, considerado uma referência. Em 2019, a estação recebeu a visita de quase 1.400 pessoas, entre alunos de escolas públicas e outras instituições. Com a pandemia, as visitas estão suspensas.
UMA ESTAÇÃO FEITA DE HISTÓRIAS
O operador de estação Walterci Antonio Teixeira trabalha na ETA RD desde a inauguração. Quando começou sua trajetória no local, era solteiro, não tinha filhos nem netos. Hoje, com 40 anos de Caesb e família constituída, ele lembra das mudanças durante as décadas de trabalho. “Antigamente tudo era manual, fazíamos as medições e anotávamos com caneta. Abríamos as comportas de água manualmente. Hoje, tudo é automatizado, a tecnologia ajudou muito!”, vibra o operador. “Já passei muitos natais e viradas de ano na ETA, minha companheira. Já até tomei café com governador”, orgulha-se.
A técnica de saneamento Marli de Fatima Ferreira, que atualmente é supervisora na Coordenadoria de Operação dos Sistemas São Sebastião, Cabeça de Veado e Jardim Botânico, trabalhou na ETA RD durante 15 anos. Em 1989, quando começou na unidade, a automatização ainda não tinha chegado. “Em 1996 tive a oportunidade de acompanhar a obra de ampliação da estação com muitas melhorias, como o aumento do número de filtros, a construção de floculadores, a implantação da automação e a recuperação da água de lavagem dos filtros. Tudo isso trouxe muita experiência para minha vida profissional. Só tenho a agradecer por ter trabalhado com uma equipe tão competente e pelo conhecimento adquirido ao longo dos anos”, conta Marli.
A engenheira química Marcia Morato, atualmente gerente dos Sistemas Produtores de Água Sobradinho e Planaltina, trabalhou na ETA RD entre 1998 e 2015. Inicialmente analista, foi promovida a coordenadora e chegou a gerente da unidade. Marcia ressalta que a ETA RD é a maior estação de tratamento de água do DF, apresentando algumas características diferenciadas, como o armazenamento do cloro em carreta de 18 toneladas, em vez de cilindros de 900 quilos, como em outras estações. Ela conta que a ETA RD foi uma das pioneiras a implantar o sistema de recuperação de água de lavagem. “Esse sistema recupera a água de lavagem dos filtros da estação que, ao invés de ser lançada no meio ambiente, passa por um tratamento de clarificação e volta para a estação para ser usada novamente”, esclarece.
O coordenador de Operação dos Sistemas Descoberto e Engenho das Lajes, José Ricardo Pereira Ramos, descreve os seus 33 anos de história na ETA RD: "Cheguei em novembro de 1988. Tenho, na minha memória, a entrada principal pela BR 070, com a presença densa de eucaliptos na pista principal de acesso. Lembro como as regiões em torno da unidade e do lago Descoberto eram pouco adensadas e as florestas de eucalipto da Flona eram abundantes. Com o adensamento populacional em torno do lago, as mudanças nas características da água foram inevitáveis, exigindo das equipes operacionais criatividade e dedicação. Por isso, o nosso grande esforço no momento é a alteração do processo principal de tratamento para outro modelo que continue dando tranquilidade e eficiência aos ótimos resultados da unidade. A população do DF merece!", resume o coordenador.
Fotos: Marco Peixoto (Caesb)